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domingo, 9 de maio de 2010

Amor estrangeiro

Nessas postagens quero falar de tudo o que complica a vida das mulheres, que é o amor.
Ele pode ser casual, quando aparece sem que o notemos. Platônico, quando amamos um ser imaginário , mas que ELE existe.
Um amor transcedental, que ultrapassa toda uma existência, toda a imensidão do cosmo; e o amor maremoto, que carrega tudo de bom que a vida ofereceu-lhe e, ainda, suga-lhe todo seu potencial de continuar a pensar racionalmente nesse bicho estranho que se chama HOMEM.
Meu estágio que, digamos, possa ser chamado de amor, passou por duas etapas distintas: - A primeira, a que chamamos de AMOR PLATÔNICO; e a segunda uma tábua de salvação , que agarrei para esquecer o AMOR DE FICÇÃO.
Isso é terrível; não aconselho à nenhuma mulher de bom senso. Coloquei a meu lado um bichinho chamado SANGUE-SUGA, que todos conhecem muito bem. Esse bichinho era um monstro terrível que, além do meu sangue sugou toda a minha vontade de sorrir, de viver na vida real; é bem mais cômodo viver sonhando que a realidade de tapas, socos, açoites de palavras de baixo nível, que nos faz sentir menor que uma formiga. Meu tormento foi longo, torturante, mas deixou-me duas jóias raras de presente: - Uma princesa muito linda e o meu escudeiro real, muito carinhoso e amigo (isso valeu a pena), faz-me esquecer um pouco da dor passada, pois Deus deu-me asas nos dedos e uma imaginação enorme e criativa para vivenciar os meus sonhos antigos e atuais.
Minha infância foi cheia de muito amor (o amor dos meus queridos pais, que idolatro-os, pois eles foram e são especiais em minha existência, apesar que hoje os tempos serem muito diferentes, temos mais liberdade de expressão, mais liberdade e meio de extravasar o que nos oprime, nos deprime, nossas alegrias, nossas tristezas, nossas intimidades...
Com meus pais parecia haver uma barreira nesse sentido e nunca me abri com eles, por vergonha ou, talvez, por ser extremamente tímida e fechada para o mundo e comigo mesma.
Já com meus filhos tudo foi diferente, por ter sido pai e mãe, praticamente desde o nascimento deles.
Minha infância foi rica de mimos, de amigas, de brincadeiras especiais, inocentes e puras (naquela época a maldade ainda não estava espalhada por todos os cantos da Terra).
Minha mãe dizia que eu era tão linda que os amigos de meu pai viviam pedindo-me emprestada para me mostrar aos amigos deles; eu era como minha boneca Cinara (uma coisa linda de porcelana que eles me deram de presente; ela andava com vestidos ou qualquer parte do vestuário igual aos meus).
Também fui um tanto sapeca pois, até um anjinho tem seu dia de "diabinho" na vida.
Fui muito amada e paparica na minha infância; foi uma época realmente feliz; meus pais sempre me pouparam da tristeza... sempre.
Esse é um tipo de amor que conservamos pela vida toda, um amor real, um amor complexo; eu não sei pensar em estar sem meus pais!
Sempre deixei registrado meus bons e maus momentos pois, como já falei, sempre tive asas nos dedos e fantasias saindo pelos poros.
Foi na minha adolescência que conheci o chamado "amor platônico", pois creio que só eu amei,só eu amava, só eu cultivei uma esperança no que achava concreto mas, na realidade, as lindas frases de amor que recebia e recebi por anos a fio, que deliciaram-me de tanta ternura, que mexeram tanto com minha cabeça, imaginando cenas de uma história da Carochinha - que hoje adolescente nenhum deve saber do que se trata -. Amor platônico... poderia até ser chamado assim, da parte do meu lindo estrangeiro, mas eu o amava, amei e o amo até hoje.
Como todos os homens ele foi falso, mentiu, destruiu meus sonhos de menina. Disse que acabara seus estudos na Europa e que iria até Carmo da Mata constatar se nosso sentimento era realmente AMOR e que levar-me -ia para a terra dos Incas, aquele paraíso que até hoje tenho vontade de ser um passarinho e voar até lá.
Esperei... como esperei (mandei tudo o que ele pediu....minha voz, que seguiu pelos correios do mundo afora, indo para Bélgica, Leuven, Roma, Inglaterra...)
Foram anos, muitos anos de espera, que um ser tão altamente capacitado não poderia ter feito isso comigo. Tive até a audácia de escrever para a embaixada de seu país à sua procura. Fui doida, não? Doida de muito amor.
Mas eu tinha sonhos lindos; queria ser mãe de seus hijos... Ah! como eu queria, de todo o meu coração!
Dessa horrível solidão, fiquei um tanto sem rumo e escrevi esse poema:
Seu nome é:
Amor estrangeiro
Jusssara Sartori Jeunon (10.10.78)

Meu lindo e querido amor peruano;
deixou meu coração em amorfia,
pois já faz tempos, mais de um ano,
que você roubou minha alegria.

Foi à Europa aprender mais, estudar,
levando a tiracolo seu violão;
deixando-me aqui, só, a esperar,
que viesse buscar meu meu coração...

E agora, como será, como vai ser?
Amo-o tanto! E sofro tanto assim....
...Você não me ensinou a lhe esquecer,
muito menos a tê-lo afastado de mim!

Sei que outro e outro ano irá passar,
tendo o sofrimento como companhia....
...E eu? Continuarei a lhe esperar,
como um tênue fio de alegria.

Outro ano virá e, ainda, mais uns dois
e meu coração todo feio e trucidado,
não deixará para amanhã ou depois...
...Dirá: - Amor, sempre o tenho amado!

Assim me deixo embalar no deleite dos meus sonhos, pois neles tudo se pode, tudo lhe é permitido; podemos contracenar com a lembrança mais linda e pura que, na imensidão de meu cérebro errante, eles se tornam reais e não tem nem haverá alguém a lhe cobrar à realidade, pois jamais ninguém saberá sonhar meus sonhos. Amor platônico? Não sei.... às vezes eles parecem tão reais que posso tocá-los, sentí-los. Mas meu EGO não está só, ama ardentemente a um sonho que é só meu.


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